Mães solteiras: arranjar tempo para si próprias
Sendo mãe solteira por sua própria escolha ou devido a uma qualquer circunstância, vai precisar (tal como outra mãe numa relação dita “convencional”) de tempo para si. Encontrá-lo é frequentemente difícil, sobretudo se trabalhar a tempo inteiro e não tiver o apoio do ex-parceiro. Cada hora parece já estar predestinada (para as crianças, para as tarefas domésticas, para o trabalho) e pode sentir que está numa espiral sem fim. A vida por vezes (e isto serve para todas as pessoas) pode ser avassaladora.
Robyn, mãe solteira de Alana (7 meses), sintetiza a questão na perfeição:
“Um café, um cigarro, a aula de yoga – agora tudo tem de ser extremamente organizado… podem valer ouro. Aprecio cada oportunidade, cada momento e cada posição de yoga. Amo a minha filha mais do que a própria vida… mas continuo a ser a Robyn e a precisar de tempo para mim. Nunca se sinta mal por tirar aquele tempo extra, aquele momento adicional, aqueles escassos minutos em que pode estar sossegada. As coisas que nos fazem bem, fazem-nos também sentir a falta do nosso filho e tornam os momentos que passamos juntos ainda mais deliciosos”.
Como encontrar tempo precioso para mim?
- Seja egoísta.
Se trabalha sem parar tem direito a algum TEMPO LIVRE PARA SI sem culpas. A não ser que tenha cometido algum crime, deixe os sentimentos de culpa para os ladrões e patifes. Acredite em mim, o seu filho vai preferir ter uma mãe feliz, do que uma mãe zangada e frustrada todos os dias. - Nunca seja orgulhosa demais para pedir ajuda.
Esteja ou não numa relação duradoura, educar é difícil e exige paciência, dedicação, tempo, amor e dinheiro. Mais do que nunca vai depender da situação financeira de cada um. Encontrar o equilíbrio entre o trabalho e as responsabilidades domésticas é um problema que todas as mulheres enfrentam, a não ser que estejam rodeadas por uma família extremamente prestável. Trabalhando em part-time, ou a tempo inteiro, pode precisar de contratar uma ama ou uma empregada. Ajuda é a palavra-chave neste caso. Todas nós precisamos de ajuda a certa altura, sobretudo se está a conduzir o espetáculo sozinha. - Arranjar ajuda - Como saber se aquela pessoa é apropriada para tomar conta do nosso filho?
Este não é um problema com o qual têm de lidar apenas as mães solteiras. Quando estiver a pensar arranjar uma ama, confie no seu instinto e no do seu bebé. Nunca tenha medo de fazer perguntas. Verifique as referências, telefone às pessoas indicadas, veja se a pessoa tem cadastro na polícia, etc… Se tem algum receio, se não põe as mãos no fogo pela pessoa – diga simplesmente que não. Evite pessoas que têm historial de violência, ou historial com drogas e álcool. Não se esqueça também que, se está a pagar para ter ajuda, deve deixar claras as suas expectativas – i.e. talvez consiga negociar algumas tarefas domésticas como limpar a casa ou engomar, enquanto a pessoa toma conta do seu filho. Se for suposto essa pessoa dar de comer ao seu bebé, não se esqueça de lhe dizer que deve lavar as mãos. Tente tornar a sua vida o mais fácil possível.
Mãe solteira com orçamento reduzido?
Para muitas pessoas a vida social pode ser um luxo para o qual não têm orçamento. No caso de um aperto financeiro pode considerar trocar serviços de babysitter (i.e. você toma conta do filho de uma amiga num dia e ela devolve-lhe o favor em troca). Em alternativa pode ter uma vizinha (mais velha ou que viva sozinha) que pode considerar a possibilidade de tomar conta do seu filho em troca de uma refeição caseira ou de levar-lhe as compras a casa ou até mesmo de fazer-lhe alguma companhia. Seja criativa… Caso tenha um quarto a mais considere ter um inquilino a tempo inteiro ou alugá-lo temporariamente. Pode chegar a um acordo recíproco “babysitting gratuita em troca de uma descida no valor da renda”. Como mãe solteira, penso que é extremamente benéfico ter um inquilino; representa companhia, rendimento adicional e uma ama a viver em casa.
Procure grupos de mães solteiras na sua área – caso não exista ainda nenhum, considere a hipótese de criar um; comece com uma página do Facebook ou um anúncio no seu café preferido ou no parque. Os fins de semana podem tornar-se solitários por isso organize encontros nessa altura. Quanto mais ativa for, mais irá perceber que existem várias mães solteiras por aí, muitas mais do que aquelas que imagina.
A verdade é que as relações homem/mulher não são estáticas. As relações atualmente são mais fluídas do que nunca e algumas duram mais do que as outras. Podemos ser solteiras, viver com outra pessoa, casadas ou viúvas ou passar de um estado para o outro. A vida está cheia de surpresas.
Jackie, mãe solteira de Teddy, afirma, “considero-me sortuda, o Teddy tem contacto regular com o pai e isso permite-me ter vida social. Agora tenho mais tempo para mim do que quando estava casada”.
Expectativas. A vida social é algo que se desenvolve gradualmente. Ter um filho vai mudar a vida seja qual a for a sua circunstância. Os primeiros anos são difíceis para todos e nos meses iniciais da maternidade sair à noite/ir jantar fora não estará no topo da sua lista de prioridades pois estará a tentar perceber como funciona o papel de ser mãe.
Dê-se a si própria tempo como mãe solteira para encontrar um grupo social que seja apropriado ao seu estilo de vida e ao do seu filho.
Filosofias e mantras para sobreviver à maternidade sozinha
Encare as coisas com calma. Roma não foi construída num dia. Permita-se a si própria tempo para desenvolver uma nova vida social. Ninguém é feliz 100% do tempo. Vai ter bons momentos, outros mais calmos, muito tempo, pouco tempo e em algumas ocasiões vai ter de ranger os dentes para conseguir seguir em frente. Ninguém é perfeito. Não se massacre. Não dê importância às pequenas coisas. Dê-se um desconto a si própria. Lembre-se que o mais importante é o tipo de mãe que é e a relação que está a criar com o seu filho. Criar um filho sozinha é uma conquista grandiosa por si só.
Podia dourar a pílula e falar sobre os lirismos da alegria de ser mãe solteira, visto eu própria ter sido uma delas (sim, existem uma série de vantagens) e, certo, também existem as desvantagens (tal como em tudo na vida também existe o lado oposto). Você pode ser o cuidador inicial, mas vai rapidamente perceber que precisa de outras pessoas na sua vida. Nenhuma criança é educada apenas por uma só pessoa; muitas outras serão também exemplos: professores, mentores, amigos, familiares e vizinhos. A maternidade é um enorme desafio, ser mãe solteira, mais especificamente, pode ser diferente da vida que tinha idealizado para si, mas pode ser também libertador e incrivelmente fortalecedor.