Testemunho: “o meu bebé começou a andar, e agora?”

Passamos 9 meses a resguardar o nosso bebé dentro da nossa barriga e é desde o momento em que sabemos que estamos grávidas, que o modo como vemos o mundo e os seus perigos, muda.

Passamos a identificar situações de risco no dia a dia, quer em relação ao que comemos, quer em relação aos nossos hobbies ou mesmo em relação à profissão que desempenhamos. Mas sabemos que o nosso bebé está protegido dentro do útero materno e os riscos estão todos bem controlados.

As dúvidas chegam passados nove meses (umas vezes mais, outras vezes menos) quando o nosso bebé nasce… A nossa barriga deixa de fazer de escudo protetor e o mundo foi feito para ser descoberto.

Os primeiros passos do bebé

Enquanto mãe (e porque a minha formação na área da saúde parece ficar esquecida, ou melhor, ainda mais me baralha aquando das decisões que envolvem os meus) fui sempre estando muito atenta aos timings de desenvolvimento motor e cognitivos dos meus filhos e, quando pareciam não estar a corresponder, começavam as angústias do tempo a passar. Perguntas invadiam, muitas vezes, a minha cabeça:

“Será que é normal ainda não estar a rolar?”
“Será que vai gatinhar?”

O meu sobrinho já andava com 11 meses… será que não estimulei o suficiente a minha filha? Comecei a desejar, quase que inconscientemente, que o tempo passasse mais rápido para que eu conseguisse assegurar-me de que os meus filhos não tinham quaisquer dificuldades ou problemas de desenvolvimento… mas não me lembrei que, a cada nova conquista deles, mais uma etapa de liberdade e autonomia estavam a atingir… e o meu escudo protetor a ficar com menos força e alcance.

Agora, volvidos alguns anos e com os meus filhos bem crescidos, olho para trás com uma leitura um pouco diferente da que tinha. Reconheço que os primeiros passos do nosso bebé são um marco importante de saúde e independência, mas deve ser um processo acompanhado com segurança e, sobretudo, tranquilidade.

As vitórias dos nossos filhos fazem o nosso coração explodir de alegria e devem constituir memórias ternas e preciosas do tempo que passou.

Para assegurar que estamos preparadas para apoiar o nosso bebé no seu desenvolvimento saudável, devemos estar bem informadas e devemos poder contar com  profissionais de saúde em quem confiamos. Se nos sentirmos seguras e apoiadas, vamos poder experienciar o milagre da parentalidade em toda a sua plenitude.

O meu bebé começou a andar, e agora? A resposta é simples: vamos caminhar com ele, lado a lado.
 

Susana Wilton, mamã e osteopata pediátrica